Diário SFRJS – JMJ Lisboa 2023 (31 de julho a 7 de agosto)

 

Dia 31/7- segunda-feira- saíram de Bragança dois autocarros quase cheios de jovens e adultos, entre eles, quatro irmãs da nossa Congregação. Em Macedo entraram mais seis irmãs somando assim um total de dez. Seguimos para Lisboa num espírito de peregrinos entre orações, cânticos e partilha de merenda que cada um levava. Chegámos à Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios de Bobadela, em Loures, onde a nossa diocese ia ficar. À chegada fomos acolhidos com muita alegria. Em seguida, o Pároco, Pe. Marques deu as orientações devidas em relação a tudo o que ia decorrer durante os próximos dias. Foram então distribuídos os kits da Jornada.

A Paróquia dispunha de famílias de acolhimento, nas quais ficaram os sacerdotes, seminaristas e religiosas, exceto as irmãs Conceição e Marília que tinham a responsabilidade do resto do grupo, o qual foi acolhido numa escola pertencente à Paróquia. Graças a Deus tudo correu muito bem.

Dia 1- terça-feira- Os que foram acolhidos em famílias de acolhimento tomaram lá o pequeno-almoço. Ao restante grupo foi-lhes distribuído o pequeno-almoço na Paróquia. Às 9h30 juntámo-nos e depois de um momento de oração, fomos apanhar comboio até à cidade onde passámos manhã livre. Depois do almoço fomos à Igreja de S. Domingos, na Avenida da Liberdade, para uma oração de Taizé às 14 horas, que foi um momento de vivência profunda do encontro com o Senhor. Às 16 horas fomos ao Parque Eduardo VII, onde às 19 horas participámos na Missa de Abertura, presidida pelo Cardeal D. Clemente.

Regressámos de comboio para Bobadela, tendo passando pelo “Oriente” para jantar.

Dia 2- quarta-feira- Às 9h30 juntámo-nos na Paróquia para uma manhã de formação catequética. Após a apresentação dinamizada dos grupos presentes e oração inicial, a Ir. Conceição apresentou-nos D. Moacir Silva de S. Paulo, Brasil, que ia acompanhar-nos neste dia. Falando do tema para a JMJ “Maria levantou-se e partiu apressadamente”, D. Moacir referiu que Maria depois do anúncio podia ter ficado a cuidar de si e do seu Filho no ventre, mas Ela tinha a consciência de que não podia reter Jesus em si mesma mas era preciso levá-Lo aos outros. Maria é modelo de missão. A sua pressa impele-nos também a partirmos para tantos que nos esperam. De seguida, tomou a palavra a Ir. Conceição para apresentar o tema do dia “Ecologia Integral”. A Irmã sublinhou que, assim como outrora Maria foi portadora de Cristo, hoje somos nós portadores de Cristo. Maria foi como que uma gota de água no oceano sem a qual faz diferença e nós também cada um é preciso na sociedade, na igreja, na comunidade e sem o nosso contributo há diferença. Numa perspetiva ecológica, Maria cuidou de Jesus e cuida de nós com carinho. Também nós quando levamos Jesus aos outros estamos a cuidar deles, logo a cuidar a natureza. Terminado este tempo de reflexão seguiu-se trabalho de grupos e a respetiva apresentação. D. Moacir aprofundou o contributo dos grupos. Recordou-nos que somos um projeto de Deus. Deus ama-nos profundamente e conta connosco, não quer perder-nos. Conhece as nossas aflições, as nossas verdades e por isso caminha connosco. Ele nos chama como chamou Maria para sermos Seus colaboradores na obra da Redenção. Terminou a reflexão encorajando-nos a não nos desviar do nosso chamamento, mas dar o nosso “Sim” e sair apressadamente para contribuir no projeto de Deus.

Às 11h30 tivemos a Eucaristia e em seguida fomos apanhar comboio até Oriente onde almoçámos. Apesar de termos planeado que todas as irmãs iam participar na oração de Vésperas com o Santo Padre, assim não aconteceu. Devido à brevidade do tempo para a tal oração, as irmãs Conceição e Marília, dois sacerdotes e quatro jovens foram de uber até ao Mosteiro dos Jerónimos para assim poderem representar a Congregação e a diocese. As restantes irmãs e jovens foram de comboio até à “Cidade da alegria” e aproveitaram para se confessar, enquanto esperavam pelo término das Vésperas. Por volta das 19h30 fomos até à estação de comboio e depois de uma “paciente” espera de duas horas e meia lá conseguimos entrar no comboio até Oriente, onde jantámos e depois seguimos para Bobadela. Apesar do cansaço do dia, graças a Deus tudo correu bem.

Dia 3- quinta-feira- De novo juntámo-nos na Paróquia para mais uma sessão catequética. Desta vez com a presença de D. Felício, Bispo da Guarda. O tema de hoje foi “Amizade Social”. Iniciámos com uma oração inspirada na encíclica Fratelli Tutti. Tomando a palavra, a Irmã Conceição recordou a recomendação do Papa para não deixar ninguém caído na margem do caminho. Temos o compromisso de incluir, integrar e levantar quem está caído. Temos de nos fazer presentes para quem precisa de ajuda. Lembrando o significado do nome da encíclica, disse que todos somos chamados a ser irmãos, daí a expressão “Fratelli Tutti”. Seguiu-se o trabalho de grupos e a apresentação dos mesmos. Na sua intervenção o D. Felício sublinhou que a amizade social tem por base a amizade familiar pois é aí que cada pessoa começa a aprender e a viver a relação interpessoal. Frisou que, temos o desafio de integrar quem é diferente porque é na diferença que nos desenvolvemos. Também temos que estar na e com a Igreja nos momentos difíceis. Realçou que a Igreja tem a grande tarefa de contribuir para a amizade social, porque por natureza ela é Sacramento de comunhão e por isso se virar as costas a essa verdade, estaria a negar-se a si mesma. Referindo-se ao apelo constante do Papa Francisco “ser uma Igreja em saída”, disse que esta tem o desafio de ir ao encontro dos outros sobretudo os que vivem à margem da sociedade.

Às 11h30 tivemos a celebração da Eucaristia. Almoçámos no shopping da Bobadela e fomos até ao parque Eduardo VII para a cerimónia de acolhimento do Papa Francisco. Foi um momento muito emocionante e tivemos a graça de ver o Papa bem perto de nós. Terminada a cerimónia fomos jantar no Oriente e regressámos à Bobadela. Louvores sejam dados ao Senhor que nos protegeu ao longo do dia.

Dia 4- sexta-feira- O dia de hoje esteve subordinado ao tema da Misericórdia. Toda a manhã foi preenchida por dois momentos intensos nos quais experimentámos esta misericórdia divina. Acompanhou-nos o D. Manuel Linda, Bispo do Porto. Começámos com a adoração ao Santíssimo Sacramento. O Senhor Bispo referiu que nós precisamos uns dos outros, “não conectando-nos por ecrã” mas por uma relação interpessoal de proximidade. Lembrou-nos que a nossa vida é uma peregrinação e esta tem vários momentos sendo que o primeiro é o de “levantar-se”. O facto de viver é peregrinar; e  peregrinar não é dar voltas mas é o querer chegar a uma meta que é o amor de Deus. A vida cristã faz-nos passar da escuridão da distração para a claridade do dia. Segundo ele, a misericórdia de Deus capacita-nos a saber acolher. Falando da importância do Sacramento da Reconciliação sublinhou que ele nos recria e leva-nos novamente a Deus. Por isso, temos que olhar o Sacramento da Reconciliação, não como tribunal de penitência mas como ponte por onde o pecador retorna a Deus. Terminada a reflexão seguiu-se o Sacramento da Reconciliação administrado por D. Manuel Linda e quatro sacerdotes. Terminámos a manhã com a celebração da Eucaristia presidida por D. Manuel Linda e concelebrado por cinco sacerdotes. Almoçámos novamente no shopping de Bobadela e rumámos até ao Parque Eduardo VII para participar na Via-Sacra com o Papa Francisco. Bendito sejais Altíssimo por mais um dia vivido na Sua graça.

Dia 5- Sábado- É o dia da vigília e por isso a noite será passada ao relento. Reunimo-nos na Paróquia e fizemos a nossa oração matutina. Já vínhamos carregadas de saco-cama e alguns mantimentos para os dois dias. Dadas as orientações da vigília e Missa de envio iniciámos cedo o nosso percurso em direção ao Campo da Graça no Parque Tejo. À entrada havia uns grandes camiões a distribuir kits de alimentação para os dois dias e tendo os nossos nas mãos, seguimos para o check-in que iniciou ao meio dia. Após uma meia hora de espera e uma inspeção rigorosa por parte dos agentes de segurança, finalmente conseguimos entrar no nosso setor ainda antes do tempo previsto de entrada. Graças a Deus o nosso grupo foi o primeiro a entrar no setor e por isso conseguimos escolher espaço onde nos sentíamos bem. Foi lá que aguentámos o calor do dia. A vigília foi marcada por vários momentos com músicas, danças, teatros etc.. mas o ponto culminante foi a adoração ao Santíssimo Sacramento e foi surpreendente a forma como todos aderiram a este momento com um silêncio “brutal” permitindo assim uma oração interior profunda. Passámos lá a noite deitados nos nossos sacos-camas e graças a Deus não houve nenhum incómodo.

Dia 6- domingo- A Missa de encerramento e envio começou 10 minutos antes da hora prevista. Mais uma vez o Papa Francisco encheu o nosso coração com palavras sábias. Incentivou os jovens a não terem medo e alertou para os perigos dos “egoísmos disfarçados de amor”. Foi um momento solene. Terminada a Eucaristia, chegou o momento esperado por todos: o Santo Padre anunciou e convidou os jovens a estarem presente no Jubileu em Roma em 2025 e na Próxima JMJ em Seul, Correia do Sul, 2027. No fim de toda esta aventura memorável, saímos para os lugares de acolhimento onde passamos o resto do dia.

Dia 7- segunda-feira- Dia de Regresso

Às 9h juntámo-nos na paroquia e às 10h chegou o autocarro da Câmara Municipal de Bragança que nos conduziu até às nossas casas. Seguimos de viagem e parámos duas vezes no caminho para a Merenda e descanso. Os grupos de Mirandela e Carrazeda ficaram em Mirandela e outro grupo de Macedo ficou em Amendoeira. Os restantes seguiram até a Bragança. Assim terminou a desejada JMJ em Lisboa e regressámos de coração cheio. Vivenciámos e partilhámos a fé e estamos muito gratas por esta oportunidade única e incrível.