DOMINGO da SANTÍSSIMA TRINDADE – Ano A
Diante da Palavra
Vinde, Espírito Santo, e revelai-nos o Mistério de Amor que é o nosso Deus, a Santíssima Trindade.
Evangelho Segundo S. João 3, 11-13
Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: «Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito, para que todo o homem que acredita n’Ele não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele. Quem acredita n’Ele não é condenado, mas quem não acredita n’Ele já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho Unigénito de Deus».
Queridos irmãos, a Liturgia que a Igreja nos propõe neste domingo desvela-nos um pouco do rosto do nosso Deus. A ideia de um Deus castigador, que vigia sobre nós à espera que caiamos, esse Deus não é o nosso. O nosso, como diz a primeira leitura de hoje, é um «Deus clemente e compassivo, cheio de misericórdia e fidelidade» que, para nos chamar a Si, enviou o Seu Filho para a todos nos salvar.
Interpelações da Palavra
«Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho»
Jesus revela Deus como Pai, Seu e nosso. O Pai é aquele que está na origem do Filho, é Aquele de quem o Filho depende. O Pai que Jesus nos revela é Aquele que ama o mundo ao ponto de lhe entregar o que de mais precioso tem, o Filho. E fá-lo porque ama, porque ama o mundo, porque ama o Homem e deseja uma relação com ele. Para isso, o Pai entrega o Filho, para que, por meio do Filho, o Homem tenha uma relação com o Pai. Ora, esta entrega requer de nós uma reposta: acolher o Filho para assim acolhermos o Pai; amar o Filho para assim amarmos o Pai. Deus é amor, e só amando participamos de Deus. Só amando respondemos à entrega que o Pai fez do Filho. Só amando participamos do próprio ser de Deus que é amor. Mas se não amamos… Que estamos a fazer com a entrega que o Pai fez do Seu Filho?
«(…) para que o mundo seja salvo por Ele»
O motivo pelo qual Deus envia o Filho ao mundo não é aquele que tantas vezes temos na mente e no coração. Deus não enviou o Seu Filho para nos acusar, para nos castigar e menos ainda para nos condenar. Tampouco enviou o Seu Filho ao mundo para nos indicar um caminho, para nos corrigir ou para nos ensinar algumas verdades. Jesus também o faz, é verdade, mas não é essa a razão pela qual Jesus veio ao mundo. Jesus foi enviado ao mundo para SALVAR. E o que significa salvar? Jesus não veio, simplesmente, libertar o Homem dos múltiplos jugos que tantas vezes o oprimem. Isso seria muito pouco. Jesus veio fazer algo de muito maior: Ele veio dar-nos uma vida nova, a vida de Deus. Jesus veio fazer de nós filhos, como Ele é Filho; veio fazer-nos participantes da vida divina, essa vida eterna e bendita. E este dom, tantas vezes por nós esquecido, é muito maior que aquilo que podemos imaginar. Porque um filho é mais que um amigo. Um filho participa da intimidade do lar, conhece o Pai e é por Ele cuidado e profundamente amado. Esta é a salvação que Jesus nos traz. Quando vivemos como filhos deste Deus participamos da salvação que Jesus nos trouxe. Mas quando nos desviamos, quando a recusamos… que estamos a fazer senão a condenar-nos?
«Quem acredita n’Ele»
O verbo acreditar tem subjacente um processo que tende a um crescendo. Acreditar em Jesus é um ir acreditando, cada vez mais, é um ir descobrindo Jesus de uma forma cada vez mais íntima, cada vez mais profunda. Mas só é possível descobrir Jesus pela ação do Espírito Santo. O Espírito, este Amor que brota da relação Pai-Filho, é Aquele que nos leva a aprofundar a relação com Jesus, que nos possibilita o verdadeiro conhecimento d’Ele. E fá-lo levando-nos ao mais profundo de nós mesmos, ao “local” onde o nosso Deus habita. Levando-nos ao mais profundo centro da nossa alma, o Espírito introduz-nos na comunhão, na relação com Jesus, o revelador do Pai, para irmos acreditando cada dia um pouco mais. Isso é a oração, este processo que nos permite relacionar-nos com Deus. Mas só o fazemos, verdadeiramente, se nos deixarmos guiar pelo Espírito. Só assim, acreditaremos em Jesus. Caso contrário, não acreditaremos n’Ele.
Rezar a Palavra
Oh Trindade Santíssima, único Deus verdadeiro:
Vós que sois Mistério insondável de Amor que a todos chamais à comunhão, despertai em mim a certeza da Vossa presença. Que eu descubra a morada que tendes em mim para, desde aí, viver a vida divina que me ofereceis. Que eu ame, porque só amando poderei participar da Vossa vida, de Vós que sois amor e nada mais que amor,
oh Trindade Santíssima, único Deus verdadeiro. Amen.
Viver a Palavra
Durante esta semana vou dispor de um tempo para rezar. Um tempo largo para me deixar guiar pelo Espírito para ir acreditando cada dia mais neste Deus Amor que Jesus veio revelar.
Frei André Morais, OCD