Dia 14 de Setembro a Igreja celebra liturgicamente a festa da Exaltação da Santa Cruz. As fontes históricas referem que depois de um período de grande atividade apostólica, no ano de 1224 S. Francisco de Assis, encetou um tempo de oração, na chamada quaresma de S. Miguel, tendo recolhido ao monte Alverne, uma elevação montanhosa situada na província de Arezzo, em Itália. Ali “por alturas da festa da exaltação da Santa Cruz” Francisco teve a visão de “um homem em forma de Serafim, com seis asas, preso a uma cruz” no final, o Servo de Deus sentiu em si próprio as chagas de Jesus. Este episódio marca profundamente a espiritualidade franciscana.
Ocorrendo o aniversário de 800 anos de tal acontecimento, Bragança, uma cidade onde desde 1271 existem provas documentais da presença franciscana, assinalou-o no dia 14 de setembro de 2024, sábado, num formato de tarde cultural que culminou com a celebração da Eucaristia na Igreja de S. Francisco.
Esta atividade foi realizada numa parceria entre a Congregação das Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado, a Fraternidade da Ordem Franciscana Secular e o Museu Abade de Baçal.
A primeira parte decorreu no museu Abade de Baçal, a partir das 15.00 horas com a apresentação de três conferências que trouxeram o acontecimento Franciscano desde a sua génese, no século XIII até aos nossos dias. Depois de ter situado Francisco de Assis no seu tempo, Frei Hermínio Araújo, OFM, com a conferência intitulada “Das feridas, a vida nova” demonstrou como o encontro do pobrezinho de Assis com o Crucificado, na igrejinha de S. Damião, nos primórdios da sua conversão, modelou a sua vocação, transportando-a para a experiência de encontro com as chagas dos irmãos sofredores. Os estigmas de S. Francisco são a mensagem de que a dor transformada pelo amor se pode transformar em louvor.
O Bispo emérito de Bragança-Miranda, D. António Montes Moreira, apresentou um tríptico de “Quadros da História dos Franciscanos em Portugal” no qual guiou os ouvintes num percurso de expansão do franciscanismo em Portugal e muito concretamente na Diocese de Bragança – Miranda. A influência do franciscanismo teve inúmeras expressões e uma das mais significativas está plasmada na história da arte. À Doutora Emília Nogueiro coube completar o conjunto da reflexão da tarde com esta vertente através de uma conferência intitulada “Alter Christus – Esculturas de uma visão”, na qual deu conta do valioso património das nossas igrejas, chegado até nós como por milagre depois das vicissitudes que sofreu através dos séculos. A sua atenção incidiu na peça que, pertencendo ao acervo da igreja de S. Francisco de Bragança, está atualmente exposta no Museu Abade de Baçal, o magnífico Cristo Seráfico que corresponde à visão de S. Francisco no Monte Alverne. A Doutora Emília demonstrou com a sua exposição como o cuidado do Património que recebemos dos antepassados é um cuidado com a nossa identidade.
A tarde culminou com a celebração da Eucaristia na Igreja de São Francisco presidida por D. António Montes Moreira e concelebrada por vários Presbíteros presentes, incluindo os Franciscanos Capuchinhos da Fraternidade Itinerante de Presença, radicados em Argoselo, nesta Diocese.
Esta atividade terá continuidade no próximo dia 4 de outubro, data na qual se celebra S. Francisco de Assis e àquela igreja se regressa para a celebração da Eucaristia às 15.00 horas e para a projeção do clássico filme “Irmão Sol, Irmã Lua” de Franco Zeffirelli, às 21.00 horas.
Ir. Maria José Oliveira, sfrjs